EX GOVERNADOR DO CEARÁ CIRO GOMES, SE EXPLICA |
Após fechar acordo de cessar-fogo com Eduardo Campos, o ex-ministro Ciro
Gomes (PSB) elevou o tom das críticas ao governo federal e já acena com
apoio à eventual candidatura presidencial do governador de Pernambuco e
presidente nacional do PSB.
Para Ciro, a gestão Dilma é "muito ruim" e a economia do país se
"deteriora" de "forma rápida e grave", com possíveis consequências nas
urnas em 2014.
"Ela [Dilma] pode até chegar na eleição, mas não ganha do jeito que as
coisas estão indo. O buraco das contas externas do Brasil é o maior da
história", disse.
O governo vem acumulando más notícias no front econômico. A inflação
bateu 6,5% no acumulado de 12 meses, atingindo o teto da meta, o buraco
das contas externas chegou a US$ 70 bilhões e o PIB (Produto Interno
Bruto) cresceu apenas 0,6% no primeiro trimestre.
"O governo da Dilma é muito frágil.
Ela é uma boa pessoa, boa
presidente, mas o governo é muito ruim", disse Ciro, até então o
integrante do PSB que vinha se opondo de forma mais intensa ao projeto
de Campos de disputar a Presidência em 2014.
O ex-ministro da Integração Nacional de Lula ainda defende o apoio à
reeleição de Dilma --justifica a posição como forma de manter a
"coerência" no PSB, já que o partido deu apoio a ela em 2010.
Mas três semanas após ter jantado com Campos e acertado uma espécie de
cessar-fogo, Ciro lança sinais de apoio ao governador de PE.
"Se o partido decidir [lançar candidato], não tenha dúvida [que vou apoiar]", disse.
Ciro afirmou ter externado a Campos sua opinião pelo apoio a Dilma, mas
disse que eles acertaram que continuarão a discutir o assunto.
Para o ex-ministro, Eduardo Campos não deve "se submeter a Dilma".
"Se o governo não entender que é preciso discutir as questões do país,
conversar com ele [Campos], reconhecê-lo como uma liderança importante
do país, não há razão para ele se submeter."
Ciro e seu irmão, Cid Gomes, governador do Ceará, vinham sendo as
principais vozes do PSB em defesa do apoio da sigla à reeleição da
presidente petista.
VAIVÉM
Em abril, o ex-ministro chegou a dizer que o voo solo de Campos era
"inoportuno".
"Se meu partido tiver candidato, depois que fizer minhas
ponderações, vou acompanhar o partido.
Mas vou fazer uma discussão
dizendo que a candidatura é inoportuna", disse Ciro, na ocasião.
Na época, ele lembrava que em 2010, quando se apresentou como
pré-candidato à Presidência pelo PSB e Dilma era ainda pouco conhecida, o
seu partido decidiu apoiá-la.
"Qual a explicação para mudar de posição
agora?".
Criticou ainda, naquela oportunidade, o slogan ensaiado por Campos nos
programas de TV do PSB.
"Está bom mas podemos fazer melhor? Isso é
conversa de marqueteiro.
O Brasil precisa de debate profundo de ideias."
E foi adiante:
"O PSB não tem ideia nenhuma, pelo que eu saiba", disse.
PUBLICADA PELA FOLHA DE SÃO PAULO EM 18/06/2013
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