segunda-feira, 27 de julho de 2020

TSE cria regra para inibir fraudes em cota feminina


As eleições de novembro deste ano serão as primeiras em que a regra estará valendo e a lista inteira de candidatos a vereador pode ser cassada, caso a irregularidade seja constatada (Foto: Divulgação/TSE)

A Justiça Eleitoral pretende ser mais rígida com partidos que fraudam candidaturas femininas para cumprir a determinação de que 30% dos concorrentes a vagas no Legislativo sejam mulheres. 

As eleições de novembro deste ano serão as primeiras em que estará valendo uma resolução que permite ao juiz derrubar uma lista inteira de candidatos a vereador antes mesmo da votação, caso a irregularidade seja constatada. Para acelerar este processo, partidos terão que apresentar autorização por escrito de todas candidatas, o que não vinha acontecendo desde que o registro foi informatizado.

A assinatura é uma forma de garantir que aquela candidata tem mesmo interesse em concorrer e não foi indicada pelo partido apenas para cumprir a cota feminina. 

Nas últimas eleições, além de não apresentar autorização por escrito de todos os candidatos, partidos enviaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fotos de redes sociais, sem consentimento das mulheres fotografadas, segundo a pesquisadora Roberta Maia Gresta, coordenadora da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).

Em 2018, de acordo com Roberta, um grupo de mulheres de Minas Gerais chegou a registrar boletim de ocorrência para reclamar que estava participando das eleições, embora não tivesse autorizado. 

Em alguns casos, o partido disse que houve engano. "Não se tinha, na época, a regulação indicando o procedimento que o juiz eleitoral deve seguir nesse caso", afirmou. 

Agora, uma resolução editada pelo TSE no fim de dezembro tenta deixar mais claro como o juiz eleitoral deve agir. 

A norma se baseia na exigência, prevista na Lei das Eleições, de 1997, de que o registro das candidaturas venha acompanhado da autorização escrita. Se o juiz eleitoral notar falta de documentos e verificar que a candidatura foi registrada sem anuência da candidata, pode requisitar diligências para conferir se ela está concorrendo mesmo ou se há alguma fraude.

Os pedidos de providências devem começar a ser encaminhados a partir de 26 de setembro, quando acaba o prazo para os partidos enviarem a relação de candidatos. Se antes de 15 de novembro ficar comprovado que há fraude, toda a chapa cai. 

"A inobservância dos limites máximo e mínimo de candidaturas por gênero é causa suficiente para o indeferimento do pedido de registro do partido político, se este, devidamente intimado, não atender às diligências", diz a resolução do TSE.

"Quando se verifica a fraude e o número de candidatas mulheres cai para menos de 30%, é a lista inteira que não cumpre o requisito", disse Roberta Gresta. 

Esse entendimento já foi aplicado em decisões do TSE, mas nunca antes do dia da votação. 

Em setembro de 2019, seis dos 11 vereadores de Valença do Piauí (PI) foram cassados porque o TSE entendeu, por quatro votos a três, que cinco candidaturas da coligação "Compromisso Com Valença" foram registradas só para cumprir a cota feminina. 

Essas mulheres não tiveram votação expressiva, atos de campanha ou gastos declarados. Juntas, receberam sete votos na eleição de 2016. Segundo o relator, o ministro Jorge Mussi, sem a fraude, a coligação, formada por PSDB, PDT, PMN, PTC, PPS e PSL, não atingiu o limite mínimo de 30% de mulheres. Por isso, ele votou pela cassação.

Embora haja um número máximo de candidatos a vereador por partido - na cidade de São Paulo, por exemplo, são 83 nomes por sigla -, as legendas só poderão preencher a relação completa se listarem, no mínimo, três mulheres para cada sete homens. As siglas que não atingirem esse número deverão lançar menos homens para manter a proporção.

A promotora paulista Vera Taberti, que atua no combate a fraudes envolvendo candidaturas femininas, explicou ao Estadão que foi assinado um termo de convênio entre os Ministérios Públicos Federal e Estadual e o Tribunal Regional Eleitoral. "Quem vai atuar nessas eleições é o MP estadual", disse. "A OAB está com um observatório e nós estamos também criando um canal direto só para auxiliar as candidaturas femininas."

Os promotores vão enviar aos diretórios municipais dos partidos orientações para que se respeite a cota de 30%, com respectiva alocação de tempo de TV e recursos do Fundo Eleitoral. "Além do perigo de cassação de chapa, o desrespeito a essas regras pode configurar o crime de falsidade ideológica", diz Vera.Continua depois da publicidade

Ativistas vêm questionando o uso da expressão "candidatas laranja" para se referir a fraudes envolvendo o registro de mulheres em disputas eleitorais. "Tem algumas que nem sequer sabem que foram lançadas e tem outras que foram convencidas pelo partido a desempenharem esse papel, sendo que há um contexto maior da falta de representação feminina.

 A expressão 'candidatas laranja' joga uma carga de responsabilidade para a mulher, como se elas fossem responsáveis por se submeterem a essa situação", diz a advogada eleitoral Paula Bernardelli, da Associação Visibilidade Feminina.

"A gente prefere usar 'candidaturas fraudulentas' ou 'candidaturas fictícias', já que saber se elas são parceiras ou se elas são vítimas fica num segundo momento", afirma Paula. 

São esses os termos empregados na cartilha produzida pela associação, em parceria com a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, para servir de guia às futuras candidatas.

O doutrinador Francisco Dirceu Barros, comemorou a efetivação da medida e lembrou que na primeira edição do seu Manual de Prática Eleitoral, lançado há 15 anos, escreveu em coautoria com Dra. Alice Bianchini a tese “A causa de registrabilidade geral e compulsória: uma forma eficaz para combater o machismo político eleitoral” e que foram 15 anos de uma luta para efetivar o “Princípio da proibição da tutela eleitoral deficiente” e dar a melhor interpretação ao artigo 10, § 3º da Lei nº 9.504/97.

“Geramos muitas controvérsias, muitas críticas e agora uma realidade no TSE. Eu sempre afirmo:  precisamos criar, resistir e combater as teses que retiram a eficácia das normas eleitorais”, escrevei Dirceu Barros.

Com informações portal Correio Braziliense

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sexta-feira, 10 de julho de 2020

Quem é Milton Ribeiro, o novo ministro da Educação

Ribeiro, segundo seu currículo, tem doutorado em Educação pela USP, é bacharel em Teologia e pastor da Igreja Presbiteriana de Santos (SP)


ReproduçãoMilton Ribeiro, o novo ministro da Educação
O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira, 10, que Milton Ribeiro é o novo ministro da Educação.
 O anúncio acontece após a pasta permanecer sem comando por cerca de 20 dias, desde a anulação da posse de Carlos Decotelli
Ribeiro é membro da Comissão de Ética Pública da Presidência e ligado à Universidade Presbiteriana Mackenzie
Em seu currículo consta a informação de que possui doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), além de ter mestrado em Direito Constitucional pela Mackenzie.
Ribeiro também se apresenta como especialista em Administração Acadêmica pelo CRUB (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras) com estágio em Joplin, Universidade do Estado de Kansas nos Estados Unidos. Bacharel em Teologia, o novo ministro também é pastor da Igreja Presbiteriana de Santos, no litoral de São Paulo. 
Ribeiro assume o Ministério da Educação em meio à suspensão das aulas em todo o Brasil, provocada pela pandemia do novo coronavírus. 
Nesta quinta, o Inep anunciou o adiamento da principal prova de ingresso ao ensino superior – o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano acontecerá em janeiro e fevereiro de 2021.
Ainda segundo consta no currículo do novo ministro, Ribeiro é 2º tenente de Infantaria do Exército Brasileiro e também integra o Conselho Deliberativo e a Comissão de Ética do Instituto Presbiteriano Mackenzie.
  • Por Jovem Pan
  •  
  • 10/07/2020 17h47

quinta-feira, 2 de julho de 2020

O que muda com o adiamento das eleições para novembro

2 de julho de 2020


A Câmara dos Deputados aprovou ontem (01/06) em dois turnos a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/2020, que adia para novembro as eleições municipais. 

Agora, primeiro e segundo turno estão marcados para 15 e 29/11, respectivamente, conforme texto-base que já havia sido chancelado pelo Senado, na terça-feira da semana passada.


Dos 22 deputados federais do Ceará, apenas um votou contra o adiamento: Jaziel Pereira, do PL. Júnior Mano (PL) e Vaidon (Pros) não participaram da sessão. Os demais votaram favoravelmente à proposição.

Ao todo, a PEC foi aprovada com 402 votos a favor e 90 contrários no primeiro turno e com 407 e 70 no segundo, fechando a tramitação da medida, que foi relatada no Senado por Weverton Rocha (PDT-MA) e na Câmara por Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR).

Após aprovação, a proposta segue para promulgação, que deve ser feita ainda hoje, em sessão no Congresso. Com a emenda, as eleições são adiadas em 42 dias - a propaganda agora começa apenas no dia 27 de setembro e, no rádio e TV, em 9 de outubro.

Antes, as datas previstas eram 4 e 25 de outubro para primeiro e segundo turnos. Para modificar o calendário, era necessário aprovar mudança constitucional, o que requer quórum qualificado no Congresso.

Mas o que significa exatamente o adiamento? Quais efeitos deve ter sobre as campanhas? Deputado federal pelo PV, Célio Studart disse que a decisão "foi extremamente necessária, mas muito aquém de uma mudança significativa, pois ninguém tem previsão (especialmente os municípios que somente agora estão entrando em lockdown) de quanto tempo haverá para uma campanha tradicional".

Para Studart, que é pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza, "além de termos a maior abstenção eleitoral de toda a história, teremos uma campanha que irá privilegiar enormemente quem já está no poder e também aqueles que possuem maior domínio de redes sociais".

"Vejo quase que impossível a possibilidade de carreatas, aglomerações", prossegue o deputado, "pois todos esses procedimentos vão poder ser judicializados com base nos decretos hoje vigentes".

Líder da minoria na Câmara, José Guimarães (PT) entende que a Casa apenas "compreendeu que essa mudança era necessária" e que se trata de uma proposta que representa ganho ao País porque "não prorroga o mandato, preserva a Constituição, a democracia e sobretudo o direito do povo".

Já o pedetista Idilvan Alencar opina que o adiamento é importante "porque foi uma recomendação das autoridades sanitárias", mas é fundamental que seja acompanhado de outras medidas auxiliares para garantir sua eficácia e resguardar a saúde pública.

O parlamentar sugere, por exemplo, reduzir a quantidade de eleitores por seção. "Uma seção que tem 400 ou 500 votantes deve ter no máximo 100, quadriplicando a quantidade de seções", projeta.

Segundo ele, "vamos ter que ter mais urnas e mais pessoas para trabalhar, além de estender o horário", a fim de atenuar o "risco para a população e não ter uma abstenção alta".

Nilson Diniz, presidente da Associação dos Municípios do Ceará (Aprece), reconhece a urgência do adiamento ante o cenário de pandemia, mas pondera que o problema não são os dias de votação. "A gente compreende que é prudente adiar as eleições e muito mais prudente avaliar outro ponto. Durante eleições, ocorrem muitos contatos entre as pessoas. Vamos ter um formigueiro humano", adverte.

De acordo com o prefeito de Cedro, mesmo com o adiamento o número de casos de Covid-19 pode aumentar com a maior exposição de pessoas. "E se ocorrer aumento no número? É importante que, do ponto de vista da saúde, os prefeitos não sejam culpados, que alguém se responsabilize", defende.

Com informações portal O Povo Online
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quarta-feira, 1 de julho de 2020

Partidos minimizam impacto de possível adiamento das eleições

1 de julho de 2020

O presidente da Câmara Rodrigo Maia defende a proposta que carece de 308 votos para aprovação (Foto: Michel Jesus)


Dirigentes partidários minimizaram ontem impactos de um eventual adiamento das eleições municipais. 

A Câmara dos Deputados deve votar projeto de emenda à Constituição (PEC) que altera a data do pleito, que passaria de outubro para novembro.


Presidente do PT no Ceará, Antônio Filho, o Conim, avalia que a mudança afeta pouco as estratégias da legenda no estado. 

Segundo ele, caso o primeiro e o segundo turnos sejam remarcados para 15 e 29 de novembro, datas previstas na PEC aprovada no Senado, o partido "vai ter mais tempo para tocar a estruturação das campanhas".

Sobre os efeitos que essa alteração teria, o petista disse achar que "não vai ter impacto pelo grau de organização e planejamento" das siglas. "É mais em razão da pandemia. 

Temos que tomar cuidados, mas são cuidados sanitários", apontou.

Questionado sobre o cenário das eleições em Fortaleza, Conin declarou: "Acredito que dá para manter a mesma linha de estratégia e planejamento. É apenas um ajuste no calendário. 

Não vai dar tempo de um bom governo se desgastar nem um governo ruim melhorar". Em seguida, antecipou que o PT aposta num quadro em que, por causa da pandemia, a pré-campanha será feita principalmente nas redes sociais.

À frente do PDT no Ceará, o deputado federal André Figueiredo concorda que o adiamento, por si, trará pouca repercussão aos postulantes e suas agremiações. "O que gerou mudança de estratégia, na verdade, foi a pandemia desde o seu início", frisa.

"Nós já aguardávamos a expectativa de que esse eventual adiamento pudesse ocorrer", continua o pedetista, "até porque a curva epidemiológica vem crescendo e ainda não chegou ao seu platô em todo o Brasil".

A respeito das armas dos partidos na corrida eleitoral e uma possível rearrumação do discurso, Figueiredo respondeu: "As estratégias que estamos montando no decorrer das últimas semanas já previam esse adiamento. O impacto não será tão grande assim, não".

O parlamentar reiterou: "Lógico que, numa realidade que antecedesse à pandemia, o impacto é enorme, mas dentro do que nós estamos vivendo há mais de 100 dias, já era mais ou menos esperado, e nós estávamos trabalhando com as estratégias em cima desse novo prazo".

Pela PEC em discussão, as eleições podem ser adiadas em 42 dias, caso a medida seja aprovada. 

A proposta já passou pelo Senado. Agora, depende da Câmara. A maioria da bancada federal do Ceará é favorável à mudança.

Também deputado federal e principal nome da oposição ao grupo do prefeito Roberto Cláudio (PDT), Capitão Wagner (Pros) afasta qualquer possibilidade de redefinir sua campanha. "Para mim, (o adiamento) não muda nada. Não atrapalha". 

Perguntado se o ganho de tempo beneficia RC, Wagner foi sintético: "Não necessariamente. Quem aproveitar melhor o tempo será beneficiado".

Deputado estadual e potencial candidato do Psol à Prefeitura da capital cearense, Renato Roseno entende que o "adiamento se impõe por segurança sanitária e necessidade de compatibilizar o imperativo democrático de renovação dos mandatos sem submeter milhões de pessoas a muitas aglomerações".

Segundo o parlamentar, o novo calendário "teria duas repercussões: amplia a importância do território de redes" e acentua a concentração "em quem já tem alto nível de conhecimento na sociedade".

"Havendo campanha menor", conclui Roseno, "os candidatos das máquinas ou mais conhecidos teriam mais facilidade de chegar. Para nós, no caso do Psol, por fora das máquinas, 2020 vai ser mais desafiador".

Ex-deputado estadual pelo PSDB e pré-candidato tucano em Fortaleza, Carlos Matos analisa que "um mês não vai mudar a vida nem a estratégia dos partidos e candidatos" e que se trata "apenas da conveniência de não colocar uma data que ponha em risco a saúde pública".

Já o presidente do PSL no Estado e deputado federal Heitor Freire assegura que o partido está se preparando "para todos os cenários possíveis".

Com informações portal O Povo Online
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